Bem, o caso do sr. Peek o qual está exposto faz uma simples ilustração ao que quero passar.
"[...]
Por outro lado, a sua ignorância era tão notável quanto sua cultura. Sobre literatura, filosofia e política contemporâneas, parecia saber pouco ou nada. Ouvindo-me citar Thomas Carlyle, perguntou-me com a maior ingenuidade quem era e o que tinha feito. A minha surpresa atingiu o máximo, no entanto, quando verifiquei por acaso que ignorava a teoria de Copérnico e a composição do sistema solar. Ver uma pessoa civilizada, em pleno século XIX, desconhecer que a terra girava em torno do sol parecia-me um fato tão extraordinário que eu mal podia acreditar nele.
-Você parece atónito - disse ele, sorrindo ante minha expressão de surpresa. - Pois, agora que sei disso, tratarei de esquece-lo o mais rápido possível.
-Esquece-lo?!
-Veja - explicou-me: - Considero o cérebro de um homem como sendo um sótão vazio, que você deve mobiliar conforme tenha resolvido. Um tolo atulha-o com quanto traste vai encontrando à mão, de maneira que os conhecimentos de alguma utilidade ficam soterrados, ou, na melhor das hipóteses, tão escondidos entre as demais coisas que lhe é difícil alcança-los. Um trabalhador especializado, pelo contrário, é muito cuidadoso com o que leva para o sótão de sua cabeça. Não quererá nada mais além dos instrumentos que possam ajudar no seu trabalho; destes é que possui uma larga provisão, e todos na mais perfeita ordem. É um erro pensar que o dito quartinho tem paredes elásticas e pode ser distendido à vontade. Segundo as suas dimensões, há sempre um momento em que para cada entrada de conhecimento a gente esquece qualquer coisa que sabia antes. Consequentemente, é da maior importância não ter fatos inúteis ocupando o espaço dos úteis.
[...]"
O especialista...
"... é o homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos e acaba sabendo tudo sobre nada!" (George Bernard Shaw)
O que é melhor? Saber tudo sobre nada ou nada sobre tudo.
Hoje, com o exponencial crescimento do saber da humanidade, cada indivíduo ávido por conhecimento tem de fazer tal escolha. Mas, você já pensou na hipótese de que todo ele pudesse ser compartilhado com cada homem na face da Terra?
Vivemos na Era da Informação, onde a tendência é que o poder escape para a mão dos que são detentores de mais conhecimento e mais capazes de aplica-lo. Porém, ponho a seguinte questão: e se... com o avanço das ciências neurorobóticas e da informática, as quais inevitavelmente serão impulsionadas nesta década e em suas sucessoras, fosse criado um dispositivo onde se pudesse conectar a mente dos seres humanos á um HD global, o qual fosse organizado de modo que as descobertas da humanidade fossem comuns à todos. De forma que não houvesse mais a necessidade de bibliotecas, ou qualquer outro meio de armazenamento. Como se todas as mentes tivessem um cérebro extra onde pudessem consultar livros, partituras, fatos históricos, como se estivessem consultando sua memória.
Por enquanto, não levarei em consideração o processo de estagnação social que passaria a humanidade antes do momento em que todos fossem alcançados pela dádiva de possuir um arquivo de conhecimento comum.
Somente penso na esperança de que um dia nos cheguemos a esse ponto, estaríamos entrando na Era dos Sonhos, pois o vencedor não seria o mais aplicado, seria o mais Criativo.
Continua...
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